XXXI DOMINGO DO TEMPO COMUM - 5 de Novembro 2023 - ANO A

“Dizem e não fazem”

 +  Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 22,1-12)

Naquele tempo,
Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo:
«Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus.
Fazei e observai tudo quanto vos disserem,
mas não imiteis as suas obras,
porque eles dizem e não fazem.
Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens,
mas eles nem com o dedo os querem mover.
Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens:
alargam os filactérios e ampliam as borlas;
gostam do primeiro lugar nos banquetes
e dos primeiros assentos nas sinagogas,
das saudações nas praças públicas
e que os tratem por ‘Mestres’.
Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’,
porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos.
Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’,
porque um só é o vosso pai, o Pai celeste.
Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’,
porque um só é o vosso doutor, o Messias.
Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo.
Quem se exalta será humilhado
e quem se humilha será exaltado».

Palavra da Salvação

Reflexão

As leituras da Santa Missa deste domingo falam-nos sobretudo dos sacerdotes. Hoje ouvimos muitas vezes dizer: Jesus Cristo sim, está tudo bem, mas a Igreja e os sacerdotes não...

Este facto convida-nos a fazer algumas reflexões.

A responsabilidade dos sacerdotes. No Evangelho encontramos repreensões extremamente severas contra os sacerdotes que não se comportam bem. Mas como é que o Senhor os repreende?

De não buscar a Deus: "Eu sou um grande rei... Se não Me ouvirdes, se não vos empenhardes em dar glória ao meu nome… mandarei sobre vós a maldição” (Mal 1,14.2,2).

A primeira censura é, portanto, a de não buscar a Deus, de não trabalhar para a glória de Deus.

De não ensinar coisas certas: “Vós desviastes-vos do caminho, fizestes tropeçar muitos com o vosso ensinamento” (Mal 2,8).

De não viver de acordo com o que dizem, ou seja, não ser os primeiros a dar o bom exemplo. De facto, lemos no Evangelho: “Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem.” (Mt 23,3-4).

O sacerdote deve, antes de mais, trabalhar para Deus (é um homem de Deus), deve ser fiel à Palavra do Senhor e ensinar apenas isso – não as suas ideias pessoais – e deve dar o exemplo. Se Ele não fizer tudo isto, as almas distanciar-se-ão da Igreja e, portanto, mais cedo ou mais tarde, também da fé! Responsabilidade tremenda!

Mas há uma segunda reflexão que diz respeito aos fiéis.

A responsabilidade dos fiéis. Precisa recordar-se sempre que, mesmo que os sacerdotes se comportem mal e não pratiquem o que dizem, os fiéis não estão isentos de ouvir o seu ensinamento e de o pôr em prática. Não podemos dizer: «Que eles, os sacerdotes, comecem a viver o Evangelho e depois poderão exigir que também o vivamos!» Este raciocínio está errado. E Jesus o diz claramente no Evangelho: «Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem». (Mt 23,3).

Então, qual é o ensinamento das leituras deste domingo?

É um convite à responsabilidade, para os sacerdotes e para os fiéis.

Os sacerdotes devem esforçar-se por praticar o que ensinam. Os santos sacerdotes comportaram-se assim, e os frutos foram maravilhosos. A história da Igreja mostra-nos isto da maneira mais esplêndida: pensemos num Santo Cura d'Ars, num São João Bosco, num São Luís Orione, num Santo Padre Leopoldo Mandic, num Santo Padre Pio de Pietrelcina...

Os fiéis devem rezar pelos sacerdotes, para que sejam santos, devem colaborar com eles para tornar o seu ministério menos árduo e menos difícil. E devem sempre lembrar-se que, se os seus sacerdotes são santos, bem, é uma coisa maravilhosa, agradeçam ao Senhor; mas se, por acaso, os seus sacerdotes não forem santos, procurem pelo menos ser eles próprios santos (e assim os próprios sacerdotes, vendo o exemplo dos fiéis, serão encorajados a praticar cada vez melhor o que ensinam).

Assim termina o Evangelho: “Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado" (Mt 23,11-12).

São Francisco de Sales nos ensina: "Não baixemos os olhos sem humilhar o coração; Não brincamos em nos fazer os últimos, se não pensamos em sê-lo na verdade."

A verdadeira humildade é feita de simplicidade, ergue-se das profundezas do coração, porque é, antes de tudo, uma atitude diante de Deus.

Mesmo que não estejamos no carnaval, convido-vos a pensar um pouco sobre o carnaval.

Neste período, as crianças – e não só elas – adoram vestir-se com os trajes dos seus desenhos animados favoritos (NB: quantos adultos estão mascarados durante o ano todo!).

Procuramos de não nos mascarar de cristãos, mas de sê-lo verdadeiramente no coração!