Os traços do consagrado da FCIM

PREMISSA: Neste ano nos retiros mensais das Famílias delinearemos o perfil do consagrado da FCIM. Pertencer ao nosso Movimento é uma vocação e como em cada vocação depois da sua descoberta há um caminho diário de fidelidade; não sempre é fácil.

Por esta razão é tão bom parar-se a refletir sobre o nosso Carisma e a nossa pessoal resposta.

As meditações são fruto de um trabalho conjunto de vários padres e irmãs Servos e Servas do CIM. Publicamos um resume da primeira reflexão.

de Pe. Francesco Mazzi icms

Com o dom do batismo, tornamo-nos membros do corpo de Cristo, estamos unidos a Ele como os ramos à videira. A vida de Cristo vive em nós, Jesus uniu-nos a Si mesmo; não está simplesmente ao nosso lado. Ele está dentro de nós e quer reinar nas nossas vidas, quer estender o reino de Deus dentro de nós e através de nós na história, no mundo.

Deus sempre faz isso; Ele escolhe alguém para a salvação de todos. Nós, os batizados, somos o seu corpo, chamados a torná-Lo presente e a garantir que Ele continue a sua missão salvífica em nós e através de nós.

Neste Seu corpo, a Igreja, alguns foram chamados à vida religiosa, outros ao sacerdócio, outros ao matrimonio, outros ainda a servi-Lo como celibatários ou solteiros, enquanto nem todos os leigos são chamados à vida conjugal.

Cada um desses chamados pressupõe limites, que a definem, e que exigem obediência.

Muitos de vós receberam um novo chamado, o de se consagrarem ao Imaculado Coração de Maria, que é uma vocação dentro da vocação.

É uma verdadeira vocação para a qual Deus vos escolheu desde a eternidade, e vos chamou num determinado momento da vossa vida. Com este chamado, o Senhor pede que vos “especializem” em encarnar alguns aspetos da vida de Cristo e tornar-vos promotores dela entre o povo de Deus.

O Carisma é a expressão da alguns aspetos da vida de Cristo, não de todos, porque a vida de Cristo é infinita, riquíssima, inesgotável.

E quais são esses aspetos da vida de Cristo nos quais o Senhor vos chama para se especializar?

Em primeiro lugar, viver uma relação privilegiada Maria. Colocando-a no centro da vossa vida, fazendo com que sejam vossas as suas expectativas, as suas esperanças, os espinhos que ferem o Seu Imaculado Coração.

Depois encarnar na vossa vida a Mensagem que nossa Senhora nos deu em Fátima e que o nosso Fundador viveu desde criança. Uma Mensagem que nos chama com força a um caminho pessoal de conversão que exige uma fervorosa vida sacramental, o cuidado da vida interior, onde a oração do Rosário e a Eucaristia são centrais, são as alicerces da nossa vida espiritual para sermos capazes de viver ou específico deste Carisma que é a Reparação.

Chamados a viver o nosso quotidiano com este espírito de Reparação, reparando os pecados da humanidade, mesmo os nossos, consolando Deus tão ofendido.

Chamados a viver este Carisma não sozinhos, mas em Comunhão com 3 se realidades distintas mas complementares, que formam uma Família. Grande parte da eficácia do nosso anúncio do Reino de Deus dependerá desta comunhão fraterna entre leigos, sacerdotes e religiosos, deste desafio de amar uns aos outros como o Senhor nos amou.

A fidelidade é este chamado põe em jogo diariamente a nossa liberdade. Não é suficiente dizer um sim no dia da consagração. Todos os dias somos chamados a dizê-lo. […]

O chamado de Deus provocou e continua a provocar, por em jogo a nossa liberdade. Na nossa vida não basta dizer sim de uma vez por todas, como quando o dissemos no dia da nossa consagração. Há uma série de sim a dizer. E ninguém pode substituir-nos nessa responsabilidade que temos diante de Deus de dizer o nosso sim. E como se um pequeno pedaço da salvação do mundo, dependesse apenas do nosso sim.

O chamado provoca, portanto, a nossa liberdade. […]

A liberdade é a consciência que tu tens dos vínculos que te constituem, o que chamamos os limites, as fronteiras, e a força com que tu os vives. […]

Liberdade e fidelidade a um Carisma, a um chamado de Deus que te define. Deus pensou em ti e te amou assim neste chamado, neste Carisma, como filho do Coração imaculado de Maria.

A verdadeira liberdade é a adaptação a uma verdade que é a verdade de ti mesmo, é a de ser Amigo, Colaborador ou Filho do Coração imaculado de Maria.

Quando tu não consegues ser quem tu és, significa que tu és vítima de outro rei, de outro senhor que te impedes de ser ti mesmo, de estar na verdade. Aqui está a verdadeira escravidão, que nos leva a ser escravos dos nossos caprichos, das modas do momento, das nossas ideias, portanto, não mais livres, mas escravos. […]

Não há lugar onde Deus não venha encontrar-nos, procurando-nos continuamente. Deus, apesar da nossa infidelidade, na sua Misericórdia, vem sempre à nossa procura, persegue-nos e atormenta-nos.

Basicamente tem duas maneiras de nos atormentar, de nos perturbar: a primeira é nos fazermos perguntas. Tu és livre para fugir para onde quiser, mas Ele te persegue com perguntas. […]

Deus também nos persegue nas tempestades da vida. Benditas tempestades que são tapas que às vezes recebemos da vida: uma doença, uma perda de algo, uma fragilidade que não podemos superar e que tira a nossa paz e que devemos entregar continuamente na confissão, humilhando-nos diante de Deus; uma prova familiar, todas aquelas experiências que nos levam a romper com o nosso estilo de vida que não estava de acordo com a vontade de Deus.