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Tendo ouvido falar de Jesus...

8. O caminho proposto aos jovens FCIM

 de pe. Luigi Polvere icms

 Nos últimos meses iniciamos um caminho com o objetivo de encontrar o Senhor Jesus Cristo e sermos curados da nossa incapacidade de amar (a única coisa que realmente importa e que nos faz felizes). Para isso, deixamo-nos guiar pela história da mulher com hemorragia, paradigma evangélico de toda a verdadeira cura interior e, no último retiro, aprofundando a dor desta mulher que “perdia sangue há muitos anos”, concluímos a fase do diagnóstico, aprendendo a nomear a nossa incapacidade de amar. Dissemos a nós mesmos que todos os sete vícios que nos tornam feios e escravos têm sempre como motor o medo de não sermos amados e o autodesprezo, acompanhados da errada convição de que Deus não é tão bom quanto diz de ser...  Por isso, vivemos fugindo Dele e tentando resolver os nossos vazios com os “nossos médicos” (ídolos), que muitas vezes, além de não resolverem os problemas, aumentam ainda mais as dores. Então, o primeiro passo para a cura é reconhecer que esses médicos nos enganaram, que as nossas estratégias não tiveram sucesso... na verdade, Deus nunca poderá nos libertar de nada se continuarmos a preferir as nossas soluções à Sua sábia paternidade .

Portanto, com muita humildade e consciência dos nossos limites, estamos agora prontos para começar a construir... e fazemos isso perguntando-nos: como é que começa a cura? Como encontramos o caminho para o amor verdadeiro? Qual é o primeiro passo a dar?

 

Continuamo a aprender da nossa irmã: «Tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-lhe, por detrás, nas vestes, pois dizia: «Se ao menos tocar nem que seja as suas vestes, ficarei curada.» (Mc 5,27-29).

Tendo ouvido falar de Jesus... a sua cura começou com algo lindo que entrou no seu coração, a ponto de perceber que somente tocando nas vestes daquele homem ela seria curada. Cuidado... não lhe disseram: “toque naquela pessoa e serás curada”. Não. Acabou de ouvir falar de Jesus e algo se acendeu dentro de sua alma. O que lhe aconteceu? No fundo, toda a cura verdadeira começa com uma palavra autêntica que toca o teu coração e desce lentamente até a tua alma. Tudo começa com a escuta... ou seja, aprendendo a sair de nós mesmos, relativizando os nossos raciocínios e as nossas crenças, e abrindo espaço nos nossos corações para a voz de Deus...

Não é por acaso que o primeiro dos mandamentos diz : "Escuta Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor..." e desde Génesis sabemos que: "Deus cria tudo com a Sua Palavra". A capacidade de falar e ouvir constitui a base das nossas relações, a tal ponto que somos construídos pelas palavras que levamos dentro de nós, que para o bem ou para o mal nos fazem crescer ou nos bloqueiam. Também vimos algo assim na parte do diagnóstico. Assim como na base das nossas ações erradas está uma crença falsa que se insinua no coração, assim também a vida e o bem partem de uma palavra luminosa que, ao contrário, aquece o coração e o educa lentamente. Sim, porque se o Senhor Jesus Cristo deseja falar ao nosso coração para nos impulsionar a fazer o bem e tirar o melhor de nós, o Diabo tenta sempre imitar a obra do Criador distorcendo-a, para afastar-nos Dele e dos nossos irmãos.

 

Resumindo, para curar é preciso começar a ouvir Deus com seriedade, ficar em silêncio e  aprender a perguntar-se... Que palavras estão presentes dentro do meu coração? Quem fala comigo? Por quais pensamentos deixamo-nos conduzir? Sou eu ou a Vontade de Deus no centro dos meus interesses? Devemos reconhecer que dentro de nós estão presentes muitas palavras: as da nossa carne sempre inclinadas ao mal com os seus vícios e os seus instintos que querem ser satisfeitos; as do mundo, que nos levam a viver continuamente tentando nos defender e, finalmente, as do Diabo que tentam de todas as maneiras insinuar em nossos corações uma desconfiança em Deus e uma acusação contínua contra nós mesmos. Precisamos aprender a redescobrir a oração como tempo de escuta para criar uma verdadeira intimidade com o Senhor, feita de perseverança e fidelidade; se faltar nos nossos dias o contacto com Deus, corremos o risco de ficar prisioneiros das mil vozes que vivem dentro de nós e que muitas vezes nos fazem andar em círculos. (Fala-me, Senhor, em verdade... diz-me quem sou, o que devo fazer... como devo agir...)

Além disso, quando a oração é vivida com fidelidade, torna-se uma luz que orienta o nosso caminho , ajuda-nos a permanecer ancorados no bem, permite-nos ser verdadeiros, porque se não aprendo a contestar as “palavras erradas” que carrego dentro de mim, continuarei a deixar-me enganar, dando importância a minha sabedoria e esquecendo aquela de Deus. É como mudar a partitura para alguém que toca mal... o resultado será sempre o mesmo. É por isso que precisamos ouvir... sim, mas o quê?

 

Esta mulher não recebeu descursos sobre a sua própria doença, não recebeu considerações particularmente esclarecedoras, nem uma série de regras... Não lhe foi feita uma análise detalhada dos seus problemas, não se falava dela mas sim d'Ele. O que escutou a levou a pensar que precisava ter algum contato com esse homem, com esse Jesus, a ponto de afirmar: “Se eu conseguir tocar nas suas vestes, serei salva” (Mc 5,28).

Ele não era apenas mais “um médico”, era a salvação.

 

E nós... Que ideia temos de Jesus? Quem é o Senhor Jesus Cristo para nós?... Quem lhe falou sobre Jesus para querer conhecê-lo...? Alguém em concreto... certamente não tinha Wikipédia... quem lhe falou foram os discípulos, os cristãos... e como fizeram isso? Sim, porque este é o ponto; pela forma como falas Dele percebe-se se o conheces ou não... quantas pessoas saem da Igreja porque o que encontram não é a beleza de Cristo, mas muita mediocridade... Cuidado, não é um problema de técnica de comunicação, mas de amor...se um apaixonado fala de seu namorada, pela maneira como fala dela percebe-se que está apaixonado, talvez erra os conjuntivos, mas fala como um apaixonado.

O que procura este mundo tão sedento de Deus? Pessoas vencedoras ou perfeitas? Não... apaixonados!

Precisamos de jovens que sejam irremediavelmente apaixonados por Jesus Cristo, que não tenham medo de anunciá-lo, que vivam o cristianismo sem meias medidas e isso vê-se nos seus olhos, nos seus rostos, na forma como enfrentam a vida, mesmo na dor, mesmo no meio das coisas mais difíceis... Sim, porque este é o verdadeiro problema... lembrai-vos, a origem de todos os nossos medos, da nossa incapacidade de amar, está justamente na imagem que temos de Deus. Se olhares para Deus o que vês? “Justiça”? então, vives condenado pela ansiedade de ter que estar sempre apresentável, perfeito e impecável e com medo de ser julgado... e com esse parâmetro absurdo começa a julgar as pessoas ao teu redor, criando muita infelicidade; vês “deveres”, “regras”? então, a vida fica presa num esforço de vontade que mais cedo ou mais tarde cansa e aborrece... porque tudo é vivido como um grande fardo. Esta mulher conheceu algo completamente diferente... alguém que lhe anunciou Jesus Cristo e lhe deu vontade de tocá-lo...

 

E, então, é bom lembrar-se de quando isso aconteceu conosco... Ir em profundidade na nossa vida para aprender a procurar todos os momentos em que Deus te visitou, em que Ele te iluminou, em que O sentiste próximo; aquele momento (ou aqueles momentos) é precioso e único porque contém, como numa semente, todo o bem que Deus quer fazer contigo. Cada um de vós tem a sua HISTÓRIA DE GRAÇAS que Deus na sua imensa criatividade acendeu no vosso coração, momentos em que sentistes algo profundamente belo na vossa alma, no qual dissestes: “és Tu Senhor, é tudo verdadeiro e descobristes que Deus amava-te mesmo a ti”. Tudo isso deve ser PROCURADO, RECUPERADO e GUARDADO porque aprender a lembrar da graça é o caminho para entrar na verdade, o teu firmamento que te tira da escuridão. Dentro de cada coração há uma "razão" que fala da vida, o tentador odeia essa razão porque lhe lembra o Amor de Deus e quer que tu o esqueças a todo custo. Não deixes que to roube.

 

 

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