de Pe.Luigi Polvere icms
A adolescência é o tempo pré-excelente da espera... o tempo dos sonhos, dos grandes desejos, de uma vida que começa a desabrochar na sua beleza e na sua fragilidade... sim, porque tantas questões se acendem no coração, as dúvidas, os medos... é uma semente que está para abrir-se e tornar-se uma esplêndida flor. (Em vós já está tudo... tem que aperceber-te...).
Esperar é tão importante que sem exageros podemos dizer que o valor de uma pessoa se mede por suas esperanças... e, então, seria apropriado perguntar a si mesmo: o que estamos esperando? O que pretendemos? Qual é a esperança que anima os nossos dias? E estas questões não são insignificantes porque afectam o sentido das nossas vidas... quantos jovens já não esperam nada da vida, ou perderam a confiança em si próprios e na beleza que são e vivem resignados correndo atrás de esperanças falsas e inúteis...
Há esperanças demasiado pequenas, demasiado medíocres para suportar a sede de felicidade que carregamos em nossos corações. É como quando alguém está com muita sede e apenas passa um lenço húmido nos lábios. Algumas sedas precisam de uma fonte... e, em vez disso, corremos o risco de beber continuamente de poças de água suja e estagnada.
No tempo de Natal tudo é enfeitado com luzes, com ornamentos, o ambiente fica mais romântico, tudo nos fala de festa, de alegria... No entanto, se lermos as histórias que contam o que aconteceu nos dias que precederam aquela noite, apercebemo-nos que, de romântico, tem muito pouco. Os Evangelhos falam de uma história muito difícil, de um noivado e de uma gravidez milagrosa (explica-o tu aos vizinhos…), de uma mulher e de seu marido que se viram obrigados a meter-se a caminho (mesmo quando estavam cumprir-se os dias do parto) devido a um edital do imperador que pediu um censo de todo o Império... e assim chegaram a dar à luz um filho numa pobre gruta, porque não havia lugar para eles na hospedaria (pensais na aflição de S. José), e depois, por causa de um massacre absurdo e inexplicável, foram constrangidos a fugir para um país estrangeiro.
Para viver profundamente o Natal, primeiro que tudo temos de retirar desta festa a sua aparente poesia e também apercebermo-nos que, por detrás destes factos, estão pessoas concretas, com as suas histórias, com as suas dúvidas, com os seus sofrimentos, com a sua humanidade perfeitamente igual à nossa.
Em vez de o lembrarmos como uma memória passada, aproxima-o muito à nossa existência. De facto, todo este grande mistério acontece no normal cotidiano de duas vidas, a de Maria e a de José que, com a sua liberdade permitem que Deus entre no mundo.
É bom pensar que, para vir ao mundo, Jesus não precisou de nada além do amor de duas pessoas e do acolhimento humilde dos seus pais. Portanto, a primeira grande lição deste tempo é saber apreciar a nossa normalidade, o nosso cotidiano com suas alegrias e tristezas ... às pessoas que Deus nos confia … porque quando vivemos tudo isto com amor, aquele é o único lugar em que Deus pode manifestar-se a nós.
Muitas vezes passamos a vida inteira fugindo da nossa realidade cotidiana, porque ela nos aborrece (as mesmas coisas, as mesmas pessoas…) e por isso sempre pensamos que a felicidade está em algo excecional que deve chegar (até o pecado tem essa lógica de fuga); mas o Natal nos lembra que o maior acontecimento da história, que dá sentido a tudo, aconteceu sem chamar a atenção (ninguém sabia... aquela noite foi o sinal de um Deus que não quer te obrigar).
Assim, a boa notícia que pode acompanhar-nos é descobrir que do momento em que Deus tomou a minha carne, a minha respiração, o meu coração, o meu cansaço, as minhas lágrimas... aquela vida normal que muitas vezes nos aborrece e nos cansa é de fato o lugar onde Deus escondeu algo infinitamente grande: a possibilidade continua de amá-lo e encontrá-lo e talvez nunca o tenhamos percebido.
O céu não está mais distante, mas caiu sobre a terra e a terra decepcionante é uma terra cheia de céu.
É por isso que a primeira graça a pedir neste tempo é converter o coração e verificar o que esperamos... e tudo isso não basta faze-lo só uma vez, mas deve ser repetido constantemente (todos os anos somos diferentes e os problemas mudam (…)
Nunca paramos de acolher o Senhor.