"Se quiseres, podes curar-me!"

De Dom Andrea Tosca

Sempre me comove o breve mas intenso diálogo que Jesus mantém com o leproso nesta passagem do Evangelho de Marcos de hoje: “Então um leproso aproximou-se dele: implorou-lhe de joelhos e disse-lhe: «Se quiseres, podes curar-me!».

 Movido de compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: «Eu quero, fica bom!». Imediatamente a lepra desapareceu e ele foi curado”.

"Se você quiser, você pode" é uma bela oração jaculatória para usar com Jesus. A oração deste leproso é pouco exigente. É a oração de quem se entrega à vontade de Deus, mas ao mesmo tempo mostra que esta vontade tudo pode.

Jesus se comove com a fé deste homem que sofre e faz muito mais do que curá-lo: toca-o.

É um gesto proibido e sobretudo perigoso dado o elevado risco de contágio.

Mas Jesus sabe que há momentos na vida em que não bastam as palavras, é preciso experimentar. Um abraço às vezes vale mais do que um simples eu te amo.

É bom pensar que a fé não é a explicação da dor, mas a experiência da presença real de Jesus naquela mesma dor. Este homem vê-se curado, mas sobretudo sente-se amado por alguém que não começa a amá-lo depois da sua recuperação, mas precisamente enquanto é leproso.

E é justamente esse amor a causa de sua recuperação. Se nas coisas do mundo precisamos merecer as coisas, Jesus no Evangelho nos diz que o Seu amor não é uma questão de méritos, mas uma questão de aceitação.

A misericórdia de Deus é para todos, sem nenhuma condição, exceto uma: você deve estar disposto a aceitá-la.

Com efeito, o nosso problema não é convencer Deus a amar-nos, mas convencer-nos a abrir-nos a este amor.